
O momento no qual você se descobre empolgado ao pesquisar preços de panelas em uma loja é o momento no qual você percebe que está ficando velho.
A idade avança de forma sorrateira, engatinhando na ponta dos pés, querendo te dar um susto quando você estiver desprevenido. Fico pensando se eu ficaria menos assustado se ela não estivesse vestindo essa apavorante fantasia de gorila albino, disfarçado de palhaço assassino, disfarçado de vendedor de carros usados.
A vida adulta é um carro desgovernado seguindo ladeira a baixo. Deixe-me ao menos aproveitar a viagem.
Acho divertido perceber que somos uma sociedade com um sentimento de nostalgia tão latente. O passado sempre parece melhor, e a grama do vizinho sempre parece mais verde. Será mesmo que o marido de outra pessoa também é sempre mais rico que o seu, e a esposa de outra pessoa é sempre mais bonita que a sua?
Acho que somos assim por que a nostalgia nos remete para tempos onde as coisas eram mais simples que hoje em dia. Geralmente à nossa infância, quando a nossa maior preocupação era tirar boas notas na escola ou ganhar em algum jogo que estava sendo jogado contra os amigos. Ou quando achávamos que o cinema dizia a verdade sobre como funciona o amor e os relacionamentos. Ou ainda, quando pensávamos que o dinheiro dos nossos pais crescia em pequenas árvores escondidas no quintal dos fundos de nossas casas.
Aí você cresce e a ilusão se desfaz.
Aí você se decepciona com o mundo real.
Aí você quer volta para dentro da Matrix.
Mas aí o babaca do Morpheus não deixa.
Então você cria a sua própria realidade virtual, tentando imitar o seu passado feliz e sorridente. Mesmo que esse passado não tenha sido tão feliz e sorridente assim. Mas na sua mente ele é, e tenho pena de quem tentar discordar de você.
Bem vindo ao mundo real, Neo.
Sério, Matrix é um filme muito bom, assistam se ainda não tiverem visto. Mas atenção: eu recomendo apenas o primeiro filme; os outros eu deixo por sua conta e risco.
Por falar em filmes velhos, eu gosto do primeiro filme Mortal Kombat e do filme de ficção cientifica Super Mario Bros. Sei que todo mundo os odeia, e sei os filmes são ruins (principalmente o filme do Mario), mas eu gosto deles.
Bom... Eu adoro South Park, Todd e o Livro do Puro Mal, e os filmes do Kevin Smith. Meu gosto para entretenimento nunca foi dos mais sensatos.
Voltando à história da nostalgia. O que dá tanto poder para ela é uma coisa chamada Memória Afetiva, um conceito desenvolvido por Constantin Stanislavski. Ele criou um método de preparação de atores que ficou mundialmente conhecido como Método Stanislavski. Esse método revolucionou o teatro e, posteriormente, o cinema. O conceito de Memória Afetiva faz parte deste sistema e foi implementado também na Psicologia. Isso ocorreu principalmente por permitir a separação dos aspectos subjetivos de nossas experiências de vida, e dos aspectos objetivos de nossas experiências de vida.
Por exemplo, se eu disser que Harry Potter é uma franquia milionária, isso seria um fato objetivo; é algo concreto e inegável. Agora, se eu disser que a saga Harry Potter moldou a imaginação de toda uma geração, isso seria uma percepção subjetiva; foi algo que eu notei a partir de um ponto de vista específico, e que não necessariamente seja uma verdade absoluta ou um consenso geral das pessoas.
A memória afetiva é um negócio tão impactante que pode influenciar na forma como vemos o mundo. Imagine comigo: temos a Banda-X que tem um Estilo-X de música, certo? Agora imagine que a Banda-X lançou um novo álbum com um Estilo-Y de música, totalmente diferente do Estilo-X tradicional. Se a pessoa submetida a esse teste for fã do Estilo-X, ela tem grandes chances de não gostar do Estilo-Y. Se a pessoa submetida a esse teste detestar o Estilo-X, ela tem grandes chances de gostar do Estilo-Y. Perceba que em momento algum eu citei a qualidade da música, pois, nesse exemplo, ambos os estilos podem ou não ser bem tocados, e podem ou não ser bem executados.
Vou usar meu exemplo com o filme Super Mario Bros: é considerado um dos piores filmes de todos os tempos, e até os atores aparentam sentir vergonha dele. Ele está em todas as listas Top 10 de piores adaptações de jogos no cinema. E mesmo assim, eu acho o filme legal. Gostar do filme é minha percepção subjetiva. O filme ser um completo pedaço de lixo é o fato objetivo.
Legal, né?
Bom...
Hoje estava pensando em algo sobre essa coluna. Acho que também vou publicar ela no Facebook e no Wattpad. Quem sabe ela viraliza na deep web ou nas páginas dos defensores dos direitos humanos. Sonhar não custa nada. Afinal, toda caminhada começa sempre com um primeiro passo.
Quem sabe um dia eu abra um canal no Youtube, ou crie um podcast com o Diário do Porão Assombrado. Esse nome é idiota demais para não ser usado até a exaustão.
E se você não me segue nas redes sociais (o que, honestamente, é bem provável) então te convido a me seguir. Vou deixar os links abaixo. Façam volume nelas, por favor.
Vejo vocês na próxima.
***